Todas as noites se acende
uma festa no firmamento de África. E nessa festa tropical, há uma constelação que
brilha mais intensamente do que todas as outras: é o feitiço de África. Porque
África é uma deusa de luz, prenhe de luz.
Luz gerada pelas acções das pessoas boas que amam África.
Há uns dias, numa reunião de
trabalho de uma actividade extra-curricular, uma companheira - a Lucília, soube
da minha paixão por Moçambique e do meu gosto pelas suas capulanas.
No final da sessão seguinte, ela,
que também ama Moçambique, disse-me que tinha uma oferta para mim e entregou-me
uma capulana daquele país. Ao pegar na
capulana, ouvi a chuva copiosa cair com raiva e fecundar a terra em brasa e senti
vontade de dançar uma valsa africana, acompanhada pelo mistério, nunca
desvendado, da percussão de um tambor na noite estrelada, abrilhantada pela cantata
perfumada do Índico. Vi os querubins correndo descalços nos mangais da Zambézia,
os meus pais, na idade da imortalidade, passeando na ilha de Inhaca. Ouvi os
flamingos de plumagem flamejante pedir-me que volte, que volte, que volte...
A capulana semeou constelações no
firmamento de África, acendendo uma festa tropical! E Moçambique inteiro afagou
o meu coração.
Muito obrigada, minha querida Lucília.
Isabel Maria
O registo fotográfico é da capulana ofertada pela Lucília.