domingo, 11 de agosto de 2013


 
CONSTELAÇÃO MAIOR 

Ontem estive sentada ao pé dos anjos, embalada pelo marulhar do Índico.

Acreditava, mãe, que depois de teres descido à terra uns dias antes,

haverias de voltar para passear na praia ao entardecer.

Queria abraçar-te, beijar-te, passear contigo de mão dada à beira-mar,

como tantas vezes fizemos.

Os anjos foram chegando e sentaram-se comigo junto ao Índico.

Sorriam melodias de harpa e a sua linguagem era a dos cânticos das estrelas.

Esperei tanto tempo por ti, mãe !

Até que começou a arrefecer e a ficar escuro.

As constelações acenderam-se de cores.

Vi o teu sorriso no seio da constelação maior

e compreendi que não mais poderias passear comigo de mão dada à beira-mar.

A minha alma fez-se mar de sangue.

Nesse momento, os anjos ressuscitaram o meu coração,

deram-me a mão e levaram-me a casa.

Mãe, hoje voltei ao Índico

e senti que ontem os anjos tinham sido enviados pelo teu sorriso

para que eu interiorizasse que tu estavas no seio de Deus para todo o sempre.

Agora sei que tu e os anjos fazem parte da mesma constelação.

E quando a noite cair,

verei sempre, no seio da constelação maior,

o teu sorriso e o sorriso dos anjos que ontem desceram à terra.

Então, tu e eles sorrirão melodias de harpa

e a vossa linguagem será a dos cânticos das estrelas.

Numa festa permanente, a constelação maior desenhará no céu a palavra MÃE.
 
 
 
 Texto e Foto: Isabel Maria