“Se quereis contemplar o espírito da morte abri de par em par o vosso coração ao corpo da vida. Porque a vida e a morte são uma só coisa, como são uma só coisa o rio e o mar.” - khalil Gibran, “O Profeta”, pag. 54.
Pela mão do anjo
Já o crepúsculo tinha estendido o seu manto sobre a cidade, quando Leonor chegou ao prédio onde morava.
Do céu desprendiam-se agora milhões de cometas, enquanto uma melodia brutalmente terna, tocada ao piano e cantada por querubins, ecoava pela cidade, inundando o espírito de todos com uma paz que não pertencia a este mundo. As vozes dos querubins entoavam:
“Ah! That day of tears and mourning!
From the dust of earth returning,
Man for judgement must prepare him;
Spare, O God, in mercy spare him!
Lord, all pitying, Jesu Blest,
Grant them Thine eternal rest. Amen.”
Mas era dentro do prédio de Leonor que o som da “Lacrimosa”, o seu trecho predilecto do “Requiem” de Mozart, se fazia ouvir com maior intensidade.
Subiu ao segundo andar e foi-lhe dado constatar que da porta de sua casa saíam feixes de luz multicolor, ao mesmo tempo que, do interior, brotava com ímpeto a harmoniosa conjugação do som do piano com os cânticos celestiais.
Entrou e dirigiu-se ao salão. Sentada ao piano, estava uma senhora elegantemente vestida por Christian Dior, envolta numa neblina de Eau de Toilette Femme de Montblanc, com um olhar azul ultramarino e uma luminosa e farta cabeleira de caracóis loiros. As mãos eram alvas e esguias, exibindo o dedo anelar da mão esquerda, uma jóia Cartier. À direita da pianista, o coro de querubins cantava com fervor.
Sem deixar de tocar, e sem que o coro de querubins parasse de cantar, a senhora olhou fixamente para Leonor e sorriu com suprema ternura.
Enfeitiçada pela quietude daquele olhar e pela doçura do sorriso que o ornamentava, Leonor sentou-se no sofá junto ao piano, abrindo a alma à música e bebendo as vozes dos querubins.
Quando, volvidos alguns instantes, a actuação conjunta dos querubins e da senhora terminou, Leonor teve vontade de lhe perguntar quem era ela, o que fazia ali e por que razão estava acompanhada pelos querubins, mas, concomitantemente, sentiu que a inaudita tranquilidade espiritual que aquele desempenho concertado tinha acabado de lhe ofertar, tornava indelicada a colocação de semelhantes questões.
Sorrindo sempre, a senhora continuou a fixar o olhar de Leonor, olhando através dele e para além dele. Com uma voz onde reinava a ternura, respondeu àquilo que Leonor gostaria de lhe ter perguntado:
- Vim buscar-te, minha querida.
Leonor sentiu um calafrio percorrê-la dos pés à cabeça. Olhou através da janela. Lá fora, uma luminosidade cinzenta abatia-se sobre a cidade. Tinha, então, chegado a sua hora? Os seus olhos ficaram marejados de lágrimas que deslizaram por um rosto subitamente empalidecido.
A senhora ergueu-se, aproximou-se de Leonor e, colocando ambas as mãos sobre a face dela, afagou-lhe a alma. De seguida, beijou-lhe suavemente a testa e disse:
- Não receies nada. Fui eleita por Deus para te conduzir na viagem até ao lugar da paz celestial.
- O meu cancro…Vou piorar até mergulhar na fase terminal e, finalmente, empreender a viagem rumo ao repouso eterno? É isso, não é ?
Desta vez, foi nos olhos da senhora que se instalou a tristeza. Com a sua voz aveludada, observou:
- Minha querida Leonor, há quatro anos, foste acometida de um cancro colo-rectal e, como terapias adjuvantes da ostomia a que foste submetida, foi-te ministrada radioterapia e quimioterapia.
- A senhora sabe tudo isso?!
- Chama-me Graça e trata-me por tu. Lembras-te de um dia teres conversado mais detalhadamente com o teu médico oncologista, falando-lhe, inclusivamente, do livro que tinhas acabado de ler, intitulado “O cancro também pode morrer”, de um eminente oncologista do Hospital de Santa Maria?
- Estavas lá?! - questionou Leonor atónita.
- Eu sempre estive presente desde que fui eleita por Deus para te conduzir. Nesse dia em que falaste longamente com o teu médico oncologista, fui eu que te segurei o coração para que ele não caísse no chão e não se despedaçasse quando te foi dito que tinhas 10% de probabilidades de contrair metástases.
- Entendi, Graça. Vão ser detectadas metástases nos exames imagiológicos que, brevemente, irei realizar.
Graça baixou o olhar e acenou a cabeça positivamente. Depois, segurando as mãos de Leonor nas suas, disse-lhe:
- Serás de novo sujeita a sessões de quimioterapia, desta feita sem resultados palpáveis, após o que te induzirão o coma profundo. Nesse estado, dar-me-ás a tua mão e, juntas, partiremos.
- Mas tu és tão bonita e meiga, Graça!.. Dir-se-ia que és um anjo! Como podes ser tu a senhora da foice impiedosa?!...
- A travessia para a outra margem representa, invariavelmente, a transição para uma vida melhor. Quando vivemos em paz connosco próprios e com os outros, como sei que sempre aconteceu contigo, não tememos a morte. E, quando ela chega, entregamo-nos por inteiro, abrindo-lhe pacificamente os braços, para que ela nos tome e nos conduza nas suas asas.
- Mas, Graça…E se eu fugir de ti? - indagou Leonor, esforçando-se por desenhar um sorriso sardónico no seu rosto.
- Minha querida! - exclamou Graça, acariciando a face de Leonor. - Encontrar-te-ei sempre, porque quando é chegada a hora de uma pessoa, ela tem, inelutavelmente, de empreender a viagem.
- Quando partiremos?
- Vamos indo agora. Vou acompanhar-te através de um túnel de luz que vai desembocar num prado verde banhado pela paz celestial.
- Graça! - chamou Leonor preocupada. - Posso fazer-te uma pergunta?
- Todas as que quiseres.
- Como vão os meus pais aguentar a dor da perda da filha?
Foi com um sorriso maroto que Graça respondeu:
- Minha boa Leonor, não me obrigues a revelar as surpresas todas, mas, para tua tranquilidade, tenho de te transmitir que, muito em breve, o céu ficará em festa com a chegada dos teus pais. E agora, tenho uma outra surpresa para ti: a tua avó Marta espera-te à entrada do prado verde. Mal pode esperar pelo reencontro. Dá-me a tua mão e caminha a meu lado!
- A avó Marta sabe que vou chegar?! – perguntou Leonor sem caber em si de contente.
- Claro que sim! Achas que eu ia deixar de lhe contar? Ela apenas me pediu que não demorássemos.
Um túnel de luz tomou forma no salão de Leonor.
Esta, confiante, deu a mão a Graça e perguntou-lhe:
- Vais levar-me agora, e depois? Volto a ver-te? E diz-me: Vou ver a face de Deus? Nós, simples mortais, chegaremos algum dia, a ter o privilégio de ver o rosto de Deus?
Graça ofertou-lhe um sorriso do tamanho do universo e, quando se preparava para lhe responder pausada e serenamente, como era seu timbre, Leonor acordou na cama do quarto do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa. O carcinoma que a massacrava, estava, há muito, irremediavelmente metastizado em vários órgãos do seu corpo, mostrando-se já ultrapassados os trinta dias que o médico oncologista previra que ela viveria.
Como as metástases não dessem tréguas a Leonor, a equipa médica tomou, nesse dia, a decisão de lhe induzir o coma.
Volvidos três dias, à hora do crepúsculo, quando uma luminosidade cinzenta se abatia sobre a cidade, Leonor sentiu o afago e o perfume de Graça no seu rosto e soube que um anjo bom estava ali para lhe dar a mão e a conduzir por um túnel de luz que a libertaria do sofrimento atroz só nesta vida consentido.
De mão dada com o anjo, iniciou a caminhada com passo firme.
Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa
Por razões profissionais não vou tecer qualquer comentário sobre a patologia e a forma de morrer explanada maravilhosamente no texto. Sou agnóstico; mas defendo intransigentemente o princípio que todo o ser humano tem o direito a morrer com dignidade!
ResponderEliminarRelativamente ao livro do Dr.Luís Costa " O cancro também pode morrer", aconselha-se vivamente.
Parabéns pela forma como abordou um tema, que mesmo entre profissionais "ainda não é fácil"
Subscrevo aquilo que o Álvaro referiu no seu comentário. Na verdade o tema da morte é algo ainda tabu na nossa sociedade e, por incrível que pareça, tb o é no seio dos profissionais que diariamente lidam com ela... talvez, porque tb são humanos... um outro aspecto da história sobre o qual muito se tem escrito tem que ver com o percurso para a morte sobre o qual muito se têm debruçado alguns autores que contam relatos idênticos a este "luz ao fundo de um túnel".... Quem esteve nas fronteiras de tal acontecimento ficou para poder contar...
ResponderEliminarbem haja por ter tido a capacidade brilhante de partilhar algo tão bonito...inspirador
Adorei
bjs e uma boa semana
Olá, Álvaro!
ResponderEliminarMuito obrigada pela sua visita e pela sua leitura atenta.
Tenho comigo o livro do Dr. Luis Costa, que li há 8 anos e que iluminou o meu caminho.
O cancro constitui efectivamente um tema delicado, complexo, que muitas pessoas ainda consideram "tabu" e que não sabem como abordar. Ficam inibidas ao falar sobre o tema. E se estão a conversar com alguém que sabem que tem cancro, nem sequer lhe perguntam como está ou se sente, o que pode dar ao doente, a sensação de que são pessoas frias, insensíveis... Ainda há um longo caminho a percorrer na forma de abordar quem tem a doença, que, acima de tudo, como diz o Prof. Sobrinho Simões, é uma pessoa fragilizada, porque se sente ameaçada.
E seria tão bom, Álvaro, que, por milagre, já amanhã, se descobrisse a cura para toda e qualquer forma de cancro! E também para as outras doenças piores do que o cancro!
Um abraço e um bom resto de domingo.
Olá, CF:
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelo comentário.
É sempre maravilhoso vermos uma luz ao fundo e caminharmos na direcção dessa luz. Quer na vida, quer na morte.
Um beijo e uma excelente semana.
Lindo este relato de um facto que a todos diz respeito;não conseguiremos fugir da morte...ela faz parte da vida, por muito que nos custe. É difícil falar desta doença, mas há gente muito corajosa que o faz apesar de lutar há anos contra ela. Conheço duas, a Eliane do blog sentençaourenovação que não desiste e faz palestras sobre a doença e até escreveu um livro. Visita o blog e ficarás espantada com tanta força. Outra é a minha amiga Rosário do presentedopresente; há 5 anos que luta contra a doença, mas ainda teve força e coragem para criar uma organização para apoio de pacientes de cancro e suas famílias; é o bendizer e fou criado sem dinheiro, pois ela e o marido são simples profissionais que vivem agora só do salário de um, pois ela já não aguenta trabalhar. Junto de cada post no Começar de Novo tem um selinho do bendizer; e ela lá continua com o seu trabalho,juntamente com voluntárias, angariando donativos, fazendo feiras de artigos e roupas usados para assim poder continuar esse projecto. O teu texto fez-me lembrar de uma menininha que, conversando com o seu médico sobre a morte dela que estava proxima, disse que só tinha pena da mãe; disse que ela sentiria muitas saudades quando a morte a levasse. O medico perguntou-lhe se ela sabia o que era saudade; ela respondeu..." sim...é o amor que fica" Nunca vi definição mais bonita. Um beijinho, Isabel e parabéns pelo texto. Uma boa semana, amiga.
ResponderEliminarEmília
Foi bom passar por aqui
ResponderEliminarNESTE DIA DO BLOGUEIRO E DA...POESIA...
é lindo quando andamos por aqui e sentimos a união e o gosto que sentimos por estarmos juntas.
Viva a PRIMAVERA
Viva A vida
Viva O Amor...
BEIJOS
Oi Isabel!
ResponderEliminarGostei da serenidade do texto.
Encontra-se a paz e fica a saudade.
Até breve
Herminia
... este 'Requiem', o de Mozart, é que mais me aproxima da eternidade! É tão grandioso, tão sublime!
ResponderEliminarFoi escrito mesmo sentindo cada nota...
Aceito a morte induzida, eutanásia, solicitada em plena consciência pelo ser que a ela apela. A morte com dignidade é um direito que assiste a cada um de nós.
O cancro, a doença que mais tem levado familiares, amigos :( só este ano...
Apenas um pormenor: há pessoas que não falam do cancro por 'tabu', mas por 'intimismo'. Conheci algumas pessoas que assim procederam... e é de respeitar!
Saí mais triste, hoje, o tema merece reflexão...
Um beijo,
Querida Isabel
ResponderEliminarEsta história (chamemos-lhe assim...) romanceada ou não, acerca do cancro e da morte trouxe-me uma doce tranquilidade! Lidei com estas duas palavras durante quatro meses, vendo o meu marido desligar-se da vida, de nós, sua família de um modo quase heróico e por fim ,absolutamente tranquilo. Ainda hoje tenho perguntas para as quais não tenho respostas e só as encontrarei quando chegar a seu lado, talvez nesse prado verde que a Isabel narra na sua história.
Beijos
Graça
Querida Emília:
ResponderEliminarGostei muito da tua visita.
São de facto temas muito, muito, muito delicados.
Visitarei seguramente os 2 blogs de que me falaste e incluirei as tuas amigas nas minhas orações.
Fiquei muito enternecida e emocionada com a pequenina que definiu a saudade de uma forma tão surpreendente e extraordinariamente mágica. Só um anjo definiria a saudade dessa forma: o anjo que vivia nela.
Aparece sempre.
Um beijo.
Olá, África em Poesia!
ResponderEliminarÉ bom saber que gostou de passar aqui.
Um beijinho e obrigada.
Siempre es reconfortante encontrar que hay una esperanza a la que agarrarse y que hay una luz al final del camino.
ResponderEliminarGracias por tus cariñosas palabras en mi blog y es verdad que las madres somos en todas partes iguales sufriendo por nuestros hijos.
Eres bienvenida a Nacida en África, Isabel María.
Brisas e beijos.
Malena
Oi Amiga!
ResponderEliminarCreio que respondi ontem ao teu texto, hoje voltei , mas não vi o comentário, fiquei já na duvida.
Gostei do teu texto, que é algo de muito muito real.
Por isso digo , que duas coisas acontecem ao mesmo tempo , a paz e a saudade.
Até breve
Herminia
Querida Fragmentos Culturais:
ResponderEliminarPeço humildemente perdão por ter escrito um texto que a deixou triste.
Os temas são efectivamente muito delicados.
Fico triste por a saber triste e por saber que os dramas que se têm sucedido na sua vida.
Quando há uns meses a conheci pessoalmente, achei que tem um rosto muito belo, uma silhueta muito elegante, é dona de uma grande cultura, senhora de uma doce gentileza e de fino trato, emana uma contagiante serenidade, mas, simultaneamente, achei que estava perante uma senhora com um halo de tristeza. (Desculpe se estou a ser ousada na minha apreciação.)
É tão difícil gerir os desgostos que a vida nos impõe inelutavelmente! E como a vida nos marca, deixando rastos de tristeza no nosso olhar!
Fico sempre sensibilizada com a afectividade com que visita este cantinho.
Bem haja.
Um abraço do tamanho do mundo.
Olá, Isabel
ResponderEliminarLer este texto tendo por fundo o "Requiem", de Mozart, arrepiou-me.
Imagino que seja esta a música que um dia nos acompanhará na "grande viagem".
Tenho lidado de perto com essa doença terrível, o cancro (talvez por isso o teu texto me comoveu).
Na minha família várias pessoas sofreram de cancro. Algumas, poucas, conseguiram vencê-lo, o que não aconteceu com meu Pai, que teve um fim muito doloroso. Acompnhei-o dia e noite (e foram muitas noites em branco) até ao último momento. Foi um sofrimento atroz!
Desculpa ter trazido para aqui um assunto tão pessoal. Deixei-me embalar...
O teu texto está escrito na perfeição. Parabéns.
Eu acredito na vida para além da morte, e penso que isso não tem nada a ver com religião. Ou será que tem???
Boa semana. Beijinhos
PS - Quanto aos discos de vinil:) se me lembro! Tinha uma colecção enorme. Com a vinda dos CD's começou a faltar-me espaço e oferecemo-los a um amigo que faz colecção - e não tem problemas de espaço rsrsrsrsrssssssss
Querida Graça Pereira:
ResponderEliminarSinto-me triste pela tragédia que se abateu sobre a tua vida, mas feliz por o teu marido ter partido de forma serena e estar a descansar em paz.
É bom pensarmos há um prado verde. É bom pensarmos que há felicidade para além da vida.
Um abraço do tamanho de África.
Ler este texto faz-me bem, perdi pessoas pessoas próximas numa idade em que não soube lidar com a situação, por isso cada vez mais gosto de ver as coisas de uma maneira mais suavizada. Este texto obriga-me a uma grande reflexão dada a delicadeza do assunto. GOSTEI e muito...
ResponderEliminarBeijinhos
Querida Hermínia:
ResponderEliminarSó tinha recebido o comentário da Emília.
Recebi agora, com muito gosto, o teu.
Estamos em perfeita sintonia, querida. A paz e a saudade acontecem efectiavmente ao mesmo tempo.
Volta sempre, amiga.
Um beijo.
Querida Malena:
ResponderEliminarTenho muito gosto em te ver por aqui. Obrigada pela visita. És bem-vinda a Luz de África.
Um beijo.
Querida Mariazita:
ResponderEliminarTenho tanta pena que saibas bastante sobre esta doença, pelos piores motivos! Resta-nos o consolo de o teu Pai estar em paz e se ter libertado do sofrimento atroz, para se transformar num espírito de luz: a luz que ilumina o teu caminho, Mariazita.
Obrigada pela tua presença e pelas tuas palavras, Amiga.
Volta sempre.
Um grande abraço.
Querida Lilás:
ResponderEliminarJá me habituei à sua presença amiga neste blog.
Agradeço as suas palavras gentis.
É bom pensar que, depois da vida, existe comunhão, bem-estar e tranquilidade espiritual.
Um beijinho e uma excelente semana.
Isabel
ResponderEliminarGostei de ler com cuidado. Não li o livro mas gostava vou procurá-lo.
Ainda vou escrever algo sobreo assunto que ainda é tabu.
Para mim Não.é cancro e sem problemas. Sempre falei abertamente sobre a doença e sobre os meus medos e foi ao falar neles abertamente que consegui vencer.
um beijo
Querida Isabel
ResponderEliminarO cancro é um assunto que nos assombra.Fugimos de falar nele e fingimos que não existe.Excepto quando nos bate à porta e temos de acompanhar familiares ou amigos na incomensurável caminhada sem retorno.E mesmo assim contornamos as coisas como podemos para não ter mencioná-lo.E a Isabel fá-lo de uma forma que me emociona.Dá-nos a oportunidade de exorcisar os nossos medos e de encarar a morte como uma passagem necessária para quem já muito sofreu.
Beijinhos
Olinda
Querida África em Poesia:
ResponderEliminarSomos vencedoras, minha querida!
O primeiro passo para enfrentarmos a doença com serenidade, coragem e confiança, é jamais perguntarmos: "Porquê eu?". É que, na verdade, essa pergunta nem faz sentido, porque não somos só nós. Há tantos milhões de pessoas a viajar na mesma barca! Talvez a pergunta adequada até fosse, com tudo o que a mesma pode encerrar em si de "escandaloso": "Porque não eu?!"
O segundo passo consiste em chamar a doença pelo nome. É que ela tem nome: "CANCRO"! Não temos de a escamotear com expressões como "doença prolongada", "doença crónica"... Se queremos travar com ela uma autêntica batalha até a aniquilarmos, há que tratar a hidra por tu, enfrentá-la, olhá-la nos olhos e não a temer, porque se ela tem muita força, nós temos tanta ou mais do que ela, e temos por missão vencê-la!
Um abraço.
Querida Olinda:
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelas palavras gentis.
É verdade. Parece que todos nós, de uma forma ou de outra, já tivemos contacto com a doença.
Um abraço.
Boa noite Isabel,
ResponderEliminarque forma tão delicada de descrever uma doença tão temida. O meu Pai faleceu há doze anos, vitima de um cancro no esófago, ainda hoje quando o recordo, vejo-o naquela cama de hospital ligado às máquinas e todo entubado. Foi horrível!
Beijinho,
Ana Martins
Isabel ,
ResponderEliminarhá muito que não lia sobre o cancro e a a morte , com tanta tranquilidade e até doçura .
A frase de khalil Gibran , é mais que verdadeira , ainda que por vezes " no momento certo " , custe um pouco a aceitar .
Tenho muito de comum com esta bela postagem , até a música .
Obrigada pela partilha .
Um beijo
um dia
ResponderEliminarteremos todos um encontro assim,
pois que seja pela mão de um anjo...
Isabel
agradecendo as palavras que deixou no meu blogue
dou-lhe um abraço
manuela
Olá, Ana Martins!
ResponderEliminarPeço a Deus que lhe dê serenidade para gerir esse drama que se abateu sobre si. O seu Pai libertou-se do sofrimento, e isso certamente afaga o seu coração de filha.
Um beijo.
Olá, Lilaz da Violeta!
ResponderEliminarObrigada pelas suas palavras e por ter vindo visitar-me.
Volte sempre.
Um beijo.
Isabel
ResponderEliminarFalar em doenças não é bom ,às vezes encontro gente que dá ais por tudo e por nada.
Temos que esquecer algumas dores para as vencermos.
Mas o cancro é uma doença especial. Temos que a olhar de frente.Eu Enfrentei-a sempre de olhos nos olhos. Muita gente espantava-se pois tinham medo do nome. .
Eu tbm tenho limitações e uma delas era a minha vaidade e não queria ficar sem cabelo... não queria mesmo...
Depois calmamente (em Pamplona na clínica Universitária)O médic disse-me...Pronto Vai morrer com Pelo para não viver sem pelo.Pensei e nessa mesma hora iniciaram o processo de tratamento...
Mas Não é fácil e a quimioterapia é feia. Mas teve o seu lado positivo...
Desculpa ter dito um pouco mais mas...há tanto para partilhar....
beijos
Querida LiLi:
ResponderEliminarFizeste muito bem em partilhar as tuas emoções, que compreendo perfeitamente. Na verdade, o médico espanhol tinha razão: mais vale viver, ainda que sem cabelo por algum tempo, do que morrer sem cabelo.
Um beijo.