Hoje, Mamã, à hora do crepúsculo, invadida pelo cansaço de mais um dia de trabalho, cheguei a casa e sentei-me no sofá da sala.
Fiquei a olhar para coisa nenhuma, até que os meus olhos se detiveram no búzio tigrado que repousa na prateleira da parede em frente do sofá.
Olhando através do búzio, vi uma menina de 13 anos a caminhar à beira-mar, de mão dada com sua mãe, na Praia de Relanzapo, com o marulhar do Índico a embalá-las. O manto branco rendilhado das águas vinha render-se aos pés delas, trazendo-lhes conchas, búzios e estrelas do mar. A menina delirava com os búzios tigrados grandes.
Lembras-te, Mamã, como eu ficava contente quando o Índico me ofertava um búzio tigrado grande? Como eu pulava de alegria, e tu, só de veres a minha satisfação, rias "a bandeiras despregadas"?
Foi há 37 anos, Mamã. Não mais voltámos à Praia de Relanzapo e sei que nunca mais lá voltaremos juntas. (Tu dizes-me, tantas vezes, que já não tens saúde para viagens...) Não chores, Mamã, porque, de cada vez que eu me sentar aqui no sofá, a olhar para o búzio tigrado, tu caminharás comigo de mão dada, na Praia de Relanzapo, e o Índico ofertar-me-á grandes búzios tigrados ... E, quando um dia voltar a Moçambique, acorrerei à Praia de Relanzapo, onde tu caminharás sempre comigo, de mão dada, à beira do nosso Índico.
Texto e foto da Isabel Maria.
Olá Isabel Maria - Uma carta singela, mas maravilhosa, onde o amor filial é bem expresso. É nestes momentos, que sentimos que os afectos nos aquecem!
ResponderEliminarAbraço e uma excelente semana
Quanta ternura nas suas lembranças...
ResponderEliminarBeijos, querida e ótima semana.
Olá, Isabel
ResponderEliminarBelo texto, recordações que enchem a alma.
Beijinhos
Olinda
Assim é, a relembrança é um perfeito filme, o pensamento tem esse poder de nos trazer de volta
ResponderEliminaro que queremos, basta selecionar e "assistir", com a devida e natural emoção.
Este búzio, é uma das suas relíquias, Isabel...
muito lindo, assim tigrado, nunca tinha visto.
Beijinhos
Olá minha querida amiga
ResponderEliminarhá coisas, materiais ou não
por vezes, "meros" objectos
que nos trazem recordações valiosas!!!
Eles próprios (esses objectos) podem não ter qualquer valor
daquele valor, mensurável!
Mas, estes objectos têm algo que nos transcende...
normalmente, têm gente dentro...
É o caso deste búzio tigrado que tem dentro,
não apenas o barulho do mar Índico
mas as risadas, os passos e as conversas
de mãe e filha que o tempo gravou num simples búzio de mar...São estes momentos que sempre queremos gravar, sejam na memória ou num búzio tigrado!
E esses momentos se perpetuarão pelo tempo fora!
Um abraço enorme!
Um texto que deixa uma marca de saudade... daquela boa!
Falando de memórias e das coisas boas que certos objectos singelos podem despertar em nós!
ResponderEliminarNão duvido que continue a fazer os passeios com sua mãe na Praia de Relanzapo, sempre que o crepúsculo se adentra! Hora propícia para 'memórias' percorrerem os nossos pensamentos.
Uma tranquila semana, Isabel!
Um beijo
Hoje venho avisar que você
ResponderEliminaré uma das homenageadas no meu blog.Um feliz semana
beijos carinhosos,Evanir.
Olá, Álvaro!
ResponderEliminarMuito obrigada. Foi uma carta escrita com o coração.
Um abraço.
Olá, Parole!
ResponderEliminarFoi um texto muito sentido e escrito com tanta saudade de tempos que já não voltam!
Beijinhos.
Olá, Olinda!
ResponderEliminarSão recordações que nos aconchegam o coração e afagam a alma.
Beijinhos.
Querida Lúcia:
ResponderEliminarEste búzio representa para mim Moçambique, país que me é caro, apesar de só lá ter estado 9 meses.
Beijo.
Querida Célia:
ResponderEliminarComo me compreende bem! Gostei muito dessa sua ideia de haver objectos que têm gente dentro. É exactamente assim. Neste búzio estou eu e está a minha Mãe.
Um abraço com todas as constelações do firmamento.
Mi querida Isabel María: Los recuerdos de nuestra niñez siempre son preciosos sobre todo si van acompañados de la figura de nuestros padres.
ResponderEliminarMe imagino cuando tu madre te dio la caracola. Puede que no volvais a Mozambique pero allí está el recuerdo de una madre y una niña que fueron felices en sus playas.
Precioso escrito, amiga mía.
Brisas e beijos.
Malena
Querida Fragmentos Culturais:
ResponderEliminarMuito obrigada pelos seus comentários que me transmitem sempre serenidade. A mesma sensação que me transmitiu a autora dos comentários quando há uns tempos a ouvi falar, e depois conversámos, ainda que por breves instantes. (Na mesma ocasião em que me incentivou a ter um blog.)
Um abraço muito grande.
Querida Evanir:
ResponderEliminarJá vou ao seu blog.
Só um instante.
Beijo.
Mi Querida Malena:
ResponderEliminarFico sempre muito feliz com a sua chegada ao meu blog, minha Amiga. E gosto sempre muito dos seus comentários. Compreende-me tão bem!
Um abraço do tamanho do mundo, de Portugal para Espanha.
Isabel, seu texto me levou até lá. Posso vê-las caminhando pela praia... Ouvir o som dos das ondas, dos risos felizes... Que imagem linda!
ResponderEliminarNuma piscada se está lá onde se quer estar. O que foi guardado dentro nunca se perde...
Meu beijo às duas. Inté!
Simplesmente maravilhoso...o seu texto remeteu-me para os contos também belos e poéticos de Sophia de Mello...Você é a Menina do mar e a sua mãe a Fada Oriana...onde andará o Rapaz de Bronze, no seu jardim?...e o cavaleiro da Dinamarca?
ResponderEliminarImagino-a uma pessoa feliz!!!
Deixo-lhe dois beijinhos
Belo texto, recordações!
ResponderEliminarBeijinhos.
Querida Isabel
ResponderEliminarTambem eu tenho búzios desses tigrados, onde o Indico me trazia segredoa de muito longe...Em casa, colocava o búzio no ouvido e ouvia o fragor do mar e as saudades chegavam como a onda doce sobre a praia... Com este conto maravilhoso, trouxeste-me lembranças que estão apenas adormecidas. Não sei se voltarei a ver o Indico mas...quando a saudade apertar( e aperta tanta vez...) colocarei o búzio em posição e já não saberei se é a água do Indico ou a água dos meus olhos!!
Obrigada por este momento Isabel!
Gostaria de vir aqui mais vezes mas, como não estás inscrita, tenho de ir aos blogs muito atrás á procura dos teus comentários, para entrar na tua casa!
A propósito o Zambeziana tem um concurso e gostaria muito que tu participasses...Dá um pulinho á palhota...
Beijocas
Graça
Fiquei presa na leitura deste texto, e á minha memória vieram história de menina, deu-me uma saudade!!! ADOREI!
ResponderEliminarBjs
Querida Ju:
ResponderEliminarQue maravilha a Ju estar lá connosco, na Praia de Relanzapo. Fico feliz.
Beijinhos.
Isa Maria
ResponderEliminarAs memórias e saudades, são a força que nos rejuvenescem.
Quem nos criou na meninice, pode não ser saudável para fisicamente viajar, mas sempre podemos transportar, no espaço, todas as vivências aos lugares e no tempo.
Grato por viajares até cá.
Beijo
SOL da Esteva
http://acordarsonhando.blogspot.com/
Querida Isabel
ResponderEliminarComoveu-me tanto a tua "conversa" com a tua Mamã!...
Concordo inteiramente com a Célia quando diz que há objetos com gente lá dentro.
Tenho um móvel (a que se costuma chamar cristaleira...) cheio de objetos com mil recordações cheias de gente - este prato era da Mamã, estes candeeiros eram da Mãezinha (minha sogra) este copo era o que o Papá mais gostava de usar... é um sem fim de memórias boas.
Do Índico também tenho recordações maravilhosas, (e fotos) mas diferentes...
Fizeste uma postagem linda!
Uma boa semana. Um abraço do tamanho do mundo, e beijinhos
Querida Pedras Nuas:
ResponderEliminarQue ternura essa comparação com a Menina do Mar! E a minha Mãe há-de gostar de saber que foi comparada à Fada Oriana, que dançava nos campos, alegre e feliz e que era muito boa e muito bonita! O Rapaz de Bronze, o dono do jardim durante a noite, pode ser qualquer um dos meus filhos, desde que o jardim cheio de gladíolos e outras flores, seja meu, e o Cavaleiro da Dinamarca, que é guiado no regresso a casa por uma luz, será o meu marido.
Um beijinho.
Querida Ana:
ResponderEliminarObrigada pela visita.
Volta sempre.
Beijo.
Querida Graça:
ResponderEliminarAinda bem que partilhas as minhas emoções de Moçambique.
Tentarei escrever algo para o concurso.
Um abraço.
Querida Lilás:
ResponderEliminarObrigada pela visita.
Um beijo.
Olá, Sol da Esteva!
ResponderEliminarObrigada pela visita.
As nossas memórias são um património humano com um valor incomensurável.
Abraço.
Querida Mariazita:
ResponderEliminarComo tu sempre me entendes tão bem!
Esse teu cantinho é património da tua Humanidade e nada nem ninguém poderá jamais despossar-te dele, porque ele vive e viverá sempre na tua lembrança.
Um abraço do tamanho do teu Índico, do nosso Índico.
Obrigada pela visita, e gentil comentário.
ResponderEliminarBeijinhos, e bom fim de semana.
Isabel ,
ResponderEliminarum belo texto , que me deixou com os olhos enevoados de emoção .
Também tenho um búzio tigrado ...
Um beijo ,
Maria
Voltei apenas deixar um beijo de bom fim de semana a você e a sua mamã.
ResponderEliminarQuerida Isabel,
ResponderEliminarAqui estou! Vim ler a sua resposta ao meu comentário, tal como me solicitou delicadamente!
Por vezes, não tenho tempo, outras... a disponibilidade para me expressar! Sei que me compreende.
Suponho que a autora dos comentários que teve à sua frente 'pressentiu' em si uma natural sensibilidade para a escrita. Quem sabe?!
A prova é este blogue! Pensamentos intimistas, vivências de grande intensidade, um traço de fino gosto litérário.
Hoje faz um pouco de sol, por aqui. A semana foi desconfortável, um tempo que não aconchega a alma.
Faço votos que passe um agradável fim-de-semana!
Sensibilizada pela sua constante presença em 'fragmentos'!
Um beijo
Querida Ana:
ResponderEliminarAs visitas não se agradecem quando são feitas com gosto. Agradou-me muito estar em tua casa.
Beijo.
Querida Lilazdavioleta:
ResponderEliminarImagino como esse búzio tigrado é importante para si.
Beijo.
Querida C:
ResponderEliminarObrigada por teres aparecido.
Volta sempre.
Beijo,
Querida Parole:
ResponderEliminarMUITO OBRIGADA E UM EXCELENTE FIM-DE-SEMANA.
Beijo.
Querida Fragmentos Culturais:
ResponderEliminarSempre muitop obrigada por tudo. Sobretudo pela companhia constante.
Um grande abraço.
querida amiga
ResponderEliminarTive saudades e num intervalo do trabalho pensei vir fazer uma visita...permite-me conhecer um pouco melhor a pessoa que é, lendo o que diz. Cada comentário tem um pedacinho de si...:)
Tome a enormidade de um abraço
Até amanhã:)
Oi Isabel!
ResponderEliminarAo ler a sua carta e ao olhar ao mesmo tempo para o busio, senti que a Isabel ao escrever estava a sorrir, foi assim que vi, foi assim que a figurei sentada no seu sofá.
É assim que falo das minhas lembranças, até dos gatos que à noite naquela grande cosinha, se encostavam quaze ao grande fogão de lenha.
É bom ter essas lembranças como a Isabel tem, faz-nos bem à alma, e é tão bom contar aos outros, o que temos guardado!
Até breve
Herminia
Querida Célia:
ResponderEliminarApareça sempre! Nunca deixará de ser bem-vinda.
Um abraço do tamanho da Terra.
Olá, querida Hermínia!
ResponderEliminarComo adivinhou? Estava a sorrir mesmo!
Imagino os gatinhos da sua lembrança, que lhe acariciam a alma e aconchegam o coração.
Um abraço muito apertado.