domingo, 30 de janeiro de 2011


Há um ninho na lembrança de todos e de cada um de nós. Olhando para trás, vislumbramos, lá muito ao longe, um colinho, um porto de abrigo, onde alguém nos conta uma história de encantar, enquanto todos os querubins se congregam em nosso redor, a tocar melodias de harpa, escutando, também eles deliciados, a história. E continuando a olhar através da bruma do tempo, sentimos um rosto macio no nosso, a dar-nos um beijo de boas noites, e uma mão suave a afagar a nossa cabecita já mergulhada no divino enleio de uma almofada quentinha. Então, sob um firmamento de estrelinhas esvoaçantes multicolores e perfumadas, somos transportados ao mundo dos sonhos, lá onde tudo é possível. E o nosso sono é um sono doce, porque estamos seguros de que, quando, na manhã seguinte, acordarmos, a mesma mão que nos acariciou a cabecita antes de adormecermos, continuará junto de nós, para, com total disponibilidade, nos conduzir pelos caminhos da vida.
Este é o nosso ninho ideal, este foi o ninho de muitos de nós, aquele ninho que acaricia a nossa memória de tempos recuados.
Mas o nó górdio para aqueles que, nos dias de hoje, constituem a luz e os alicerces do ninho de um passarinho, reside na conciliação entre a vida profissional e a vida familiar. Perante a voragem da competição e do sucesso profissionais, em cujas malhas todos nós acabamos inelutavelmente por ficar prisioneiros, quantos de nós não permitimos que o ninho dos nossos filhos fique mais vulnerável às tempestades que o assolam? Quantos passarinhos de olhar suplicante, não ficam a pipilar, enquanto a nossa única resposta é a ausência e uma mente direccionada para as exigências profissionais? Quantos de nós não sucumbimos às garras da profissão, e nos deixamos engolir por esse monstro que nos aparta do ninho que, um dia, jurámos dar aos nossos filhos?
E, quando mais tarde, já com a nossa vida profissional estabilizada, despertamos, verificamos que, enquanto andávamos super-ocupados e distraídos com a nossa profissão, os nossos passarinhos cresceram, ganharam asas e, sem que nós lá nos encontrássemos para os ensinar a voar, abandonaram o ninho rumo a todas as incertezas da vida moderna, quantas vezes com consequências dramáticas! E o que resta então? Um mar tenebroso de solidão, de vazio, de angústia, de arrependimento, e um grito desesperado e estilhaçado ao vento: "Meu Deus, faz com que a roda da vida gire no sentido inverso ao dos ponteiros do relógio! Filho! Volta! Sê pequenino de novo, e pede-me colo outra vez! Só mais uma vez!"
Por isso te convoco e te rogo, Senhor: Iluminai-nos, agora e sempre, para que jamais olvidemos que o nosso maior objectivo deverá ser proporcionar um bom ninho aos nossos passarinhos. Essa deverá ser a nossa prioridade, a nossa primeira preocupação. É na competição para que os nossos filhos tenham o melhor ninho do mundo, que nos devemos seriamente empenhar! É essa a única base sólida para o nosso sucesso profissional.
Vem isto a propósito de, nesta manhã de domingo, ter interrompido o trabalho que estava a levar a cabo no computador, para ir assistir ao jogo de futebol do meu filho mais velho, que é estudante, mas também jogador federado de uma equipa de futebol de juvenis. Fi-lo e estou feliz porque sei que lhe aconcheguei a alma com a minha presença, e porque, com esse gesto, me senti mais MÃE. E o trabalho que interrompi no PC, e que, posteriormente retomei,tornou-se mais profícuo depois do jogo.

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa

sábado, 15 de janeiro de 2011

Em Abril de 2008, na cidade espanhola de León, visitei a “Real Colegiata Basílica de San Isidoro”, construída durante os séculos XI e XII, considerada a primeira das sete maravillas do Românico Espanhol.
Em duas noites, estive a rezar na Real Basílica de San Isidoro, entre as 23:00 e as 24:00, no regresso ao hotel, depois do jantar.
Na verdade, esta Basílica goza do privilégio imemorial de exposição permanente do Santíssimo Sacramento.
A “Adoração Nocturna Masculina da Diocese de León” e a “Adoração Nocturna Feminina da Diocese de León”, que são partes integrantes da “Adoração Nocturna Espanhola”, confraria canonicamente agregada à “Arquiconfraria da Adoração Nocturna do Santíssimo Sacramento de Roma”, é composta por homens e mulheres – oradores, que se dividem em turnos que, durante a noite, em congregação espiritual, adoram e velam Jesus Cristo sacramentado.
Não pude deixar de sentir o quão extraordinário e belo é existir uma igreja aberta 24 horas por dia, sem nunca fechar as portas aos seus fieis, permitindo-lhes a verdadeira comunhão com Deus a qualquer hora do dia.
Seria tão bom que existissem mais igrejas assim, onde, a qualquer hora do dia ou da noite, pudéssemos ir buscar alimento espiritual!
Assim deveria ser. Não deve a casa do Pai ter as portas sempre abertas para os seus filhos?