Quisera eu ser aquela estátua fria
Abandonada, só, mas que não sente,
Ou ser a branda aragem deste dia,
Ou um pedaço de oiro refulgente.
Quisera eu ser, até, a ventania
Condenada a gemer mas inconsciente.
Ou ser a dominante melodia
Das cordas de um violino...eternamente!
Quisera eu ser aquela asa de pomba,
prateada lua quando a noite tomba,
´Scaldante sol em tarde de Verão.
Ou viver, sem saber que estou vivendo,
Deixar que a vida vá assim correndo,
E não sentir que tenho um coração.
Maria Helena Cabral, in "Mulheres em Prosa e Verso", vol. 4, 1ª edição - HOJE EDIÇÕES - Casca - RS - Brasil, pag. 63.