Metamorfose
Sonha a crisálida um voo azul;
solta as asas que não tem; fende
o espaço que nunca viu. Imóvel,
tem todo o tempo para se iludir.
Mesmo que chova ou faça sol, o céu
da crisálida não muda: feito
com as teias do casulo, é o céu
da matamorfose, sem ar nem transparência.
Vive em mim essa crisálida. Deixo-a
transformar-se, sonhar o seu sonho
de voo, bater as asas que nunca teve.
E, se um dia sair do casulo, sei
que arrastará as teias da crisálida,
chorando o dia em que se fez borboleta.
in "O Breve Sentimento do Eterno", de Nuno Júdice, Edições Nelson de Matos, 2008, pag. 39.
Sonha a crisálida um voo azul;
solta as asas que não tem; fende
o espaço que nunca viu. Imóvel,
tem todo o tempo para se iludir.
Mesmo que chova ou faça sol, o céu
da crisálida não muda: feito
com as teias do casulo, é o céu
da matamorfose, sem ar nem transparência.
Vive em mim essa crisálida. Deixo-a
transformar-se, sonhar o seu sonho
de voo, bater as asas que nunca teve.
E, se um dia sair do casulo, sei
que arrastará as teias da crisálida,
chorando o dia em que se fez borboleta.
in "O Breve Sentimento do Eterno", de Nuno Júdice, Edições Nelson de Matos, 2008, pag. 39.
Excelente escolha. "... Poria uma escada encostada
ResponderEliminarà parede, e sentar-te-ias num dos seus
degraus, lendo o livro da vida...", do mesmo autor.
"O Breve Sentimento do Eterno", Também o desfolheio de vez em quando.
ResponderEliminarBoa escolha
Bjs
E, Álvaro, também gosto muito deste, da mesma obra do mesmo autor:
ResponderEliminarPalavras
Apanhas do chão as palavras gastas,
como frutos podres; uma a uma,
no poema, formam a frase que
nunca imaginaste, com um sentido exacto.
E vês a árvore de onde caíram,
com as suas folhas de sílabas
e os seus ramos de verso, segredar-te
um musgop de sentimento ao ouvido.
Agora, as palavras são tuas. Envolvem-
te como a hera se agarra aos muros,
e crescem por ti dentro até à alma.
Então, colhe as palavras que te enchem,
antes que caiam como frutos podres, e
oferece-as a quem passa, no cesto do poema.
Comungo do seu sentimento, Lilá(s, porque também eu o guardo como um colar de pérolas.
ResponderEliminarUm beijo.
Boa noite Isabel.Lindíssimo poema que não conhecia, e obrigada pela partilha.è neste mundo virtual que se encontra palavras que nos une e nos diz tanto a cada um ( como esta,Sonha a crisálida um voo azul;
ResponderEliminarsolta as asas que não tem!Adorei ler.Obrigada pela visita,e como fiquei feliz em seguir este blog,que fala de poesia.
Beijinho
"Debate-se, desenrola-se, revolve-se, procura esticar-se, desprender as asas...
ResponderEliminarEstá dentro do seu casulo, a crisálida ainda sem luz e cor, à espera da sua vez para o grande momento da sua vida: a sua metamorfose em borboleta.
E se ela não acontecer? Se não estiver destinado ou se não a destinar para si? Sim, tudo pode acontecer...
A sua vulnerabilidade pode ser uma presa fácil para os predadores.
Terá que aprender a mimetizar-se, deixar-se confundir com o que a rodeia, ser mais um casulo no meio de tantos, escondido pela densa florestação.
Assim as suas chances de sobrevivência aumentam...
Mas ela quererá apenas sobreviver? O que muda?
Não lhe bastará sair do casulo, da letargia, da passividade e lançar as suas belas asas ao vento!
Não, Não Senhor. Não lhe bastará.
Sentir-se-á, ainda e sempre, tolhida de liberdade. Bater as asas só as exercitará. Necessita de impulsos que a lançarão cada vez mais longe. Senão o que a diferenciava da mariposa que voa em circulos à volta da luz?
Toma consciência, por isso prolonga o momento de enfrentar o exterior.
Interioriza-se, volta-se para dentro de si, mas não perde a noção dos que esvoaçam por ali perto.
Batem tanto as suas asas que chegam a ser ruidosos, esses movimentos.
Até que... Até que...
Algo inusitado acontece. O inverosímil."
CF
Querida Isabel este texto dedico-o a si. É da minha autoria. Espero que goste.
desculpe o espeço "roubado" pelo meu comentário tão grande.
Bjs
Esse poema é belíssimo, e sou particularmente apaixonada pelos seguintes versos:
ResponderEliminar"Vive em mim essa crisálida. Deixo-a
transformar-se, sonhar o seu sonho
de voo, bater as asas que nunca teve."
Linda escolha, Isabel!
Boa semana, querida. Bjs e inté!
Querida CF:
ResponderEliminarMuito bonito mesmo! Que sensibilidade tão refinada! E fiquei tão emocionada por me ter oferecido este presente de cor, luz e música! Bem haja.
Um abraço cheio de estrelinhas esvoaçantes, multicolores e perfumadas, que semeio à volta do seu texto.
Obrigada, minha Querida Ju Rigoni.
ResponderEliminarApareça sempre.
Isabel
ResponderEliminarObrigada pelas palavras e acredite que o prazer foi todo meu pela partilha...
Esse texto está algures no meu blogue e achei interessante as ideias se entrecuzarem... claro que com a mestria do Júdice..
bjs grandes
Vim pela primera vez ao seu blog.
ResponderEliminarGosto de ler poesia, relê-la e compreende-la.só assim se dá aso ao pensamento e nos transporta à magia.
Parabéns, não conhecia.
Parabens também ao comentário da C.F.
Até breve
Herminia
Obrigada, Ermínia Pinto e Hermínia Lopes. Apareçam sempre.
ResponderEliminarA poesia é a alavanca mágica da vida.
Um beijinho.
Emília Pinto e Hermínia Lopes: Enganei-me ao escrever o vosso nome. Desculpem. Aqui fica a rectificação.
ResponderEliminarOutro beijinho.
Olá, Isabel
ResponderEliminarLindo poema, este, de Nuno Júdice.Com um alcance que me ultrapassa e me faz sentir pequenina.
Beijos
Olinda
Olá, Isabel
ResponderEliminarEmbora Nuno Júdice tenha muitos outros poemas bonitos, este é, talvez, um dos mais belos.
Foi uma escolha óptima!
Bom fim de semana. Beijinhos
Olá, Mariazita!
ResponderEliminarSão excelentes os poemas do Júdice. Qualquer deles.
Gosto sempre de te ver aqui.
Um beijo.
Olá, Olinda!
ResponderEliminarTambém eu me sinto pequenina ao pé da grandeza do Júdice.
Aparece sempre.
Um beijo.
... eu adoro Nuno Júdice! É um autor que me toca muito de perto!
ResponderEliminarUm escolha muito bonita para este início de 'metamorfoses' que a Primavera desperta!
Uma linda semana!
Um beijo,
Bom dia, Isabel
ResponderEliminarVenho "buscar" a Crisálida para ler e reler.
Posso?
Olinda
Claro que sim, Querida Olinda. Gostei de te ver aqui.
ResponderEliminarUm beijo.
Querida Fragmentos Culturais:
ResponderEliminarTambém gosto muito de ler Nuno Júdice.
Obrigada pela visita.
Um beijinho.
Somos crisálida que anseia o voo antes de rompermos um casulo que nos encerra.
ResponderEliminarBonita escolha. Não conhecia. Obrigada!
Bjins