"À sombra de um templo o meu melhor amigo e eu vimos um
cego sentado e solitário.
O meu amigo disse: "Olha que esse é o homem mais sábio
da nossa terra." Então, aproximei-me do cego e começámos a falar. Pouco
tempo depois disse-lhe: "Desculpa a pergunta, mas há quanto tempo estás
cego?"
Ele respondeu: "Desde que nasci."
"E qual o caminho da sabedoria que escolheste?"
"Sou astrónomo."
Em seguida levou a mão ao peito e acrescentou:
"Observo todos estes sóis, estas luas e estrelas."
Khalil Gibran, "O
Astrónomo" , in "O
Louco", p. 67 - Padrões Culturais Editora - 2011.
Ao ler ontem este texto de Khalil
Gibran, veio-me imediatamente à memória a visita que fiz na última Páscoa, à
"Grossmünster" ("Grande Catedral"), em Zürich, na
Zwingliplatz, na margem leste do Rio Limmat.
Trata-se de uma basílica românico-gótica, cujas
altas torres gémeas dominam a cidade, e onde apraz registar o portal românico
com uma porta de bronze, e os vitrais executados por Augusto Giacometti.
E recordei-me desta basílica,
porque, em frente da mesma, existe uma réplica da sua parte exterior, para
invisuais. Quando saí da basílica, aproximei-me da réplica e vi um senhor
invisual numa cadeira de rodas, tacteando a mesma, enquanto os seus olhos
percorriam o céu de Zürich com uma inaudita satisfação.
Não resisti a tocar-lhe ao de leve no braço e
a perguntar-lhe em alemão, o que estava a sentir.
Quando ele me disse, no seu inglês
americano, que não falava alemão, repeti a pergunta em inglês: "I do apologize for disturbing you, but I
can´t resist asking you what you´re feeling while you´re groping this
replica."
Com uma luz divina a iluminar o
seu sorriso, respondeu-me: "You´re not disturbing me by any means, Mam. It´s a pleasure to answer your
question: I´m seeing the sky and I´m feeling God, Mam!"
Isabel Maria Rosa
Furtado Cabral Gomes da Costa, com fotos da autora, relativas à Grossmünster. (Na 1ª, uma perspectiva do exterior da mesma, na 2ª, os vitrais de Augusto Giacometti, na 3ª, um pormenor da porta de bronze, e na 4ª, a réplica para invisuais.)
Minha Querida
ResponderEliminarUm texto maravilhoso! Deus vê-se e sente-se...por dentro!! Sabedoria daqueles que têm os olhos da alma habituados a verem estrelas a todo o momento!
Uma catedral muito bonita e...felizmente que houve alguém que se lembrou daqueles que têm...outro modo de olhar!
Gostei da tua postagem, pelo texto, pelas fotos e pelo teu carinho em partilhar!
Beijo carinhoso e uma noite com um céu estrelado (a lua ainda está bonita..)~Graça-Zambeziana
Querida Isabel
ResponderEliminarMuito bem escolhido o texto de Khalil Gibran, que nos oferece como mote,para introdução das suas considerações sobre os invisuais e o problema que representa o facto não disporem, geralmente, da possibilidade de apreciarem as obras artísticas.
Foi uma surpresa para mim, pois desconhecia essa réplica. Obrigada pela fotografias e pelas suas palavras sempre carregadas de sensibilidade e calor humano.
Beijinhos
Olinda
Excelente escolha o texto Khalil Gibran!
ResponderEliminarInvisuais (boa parte das vezes somos nós aqueles que temos visão); falta-nos sensibilidade!
Parabéns pelas fotos.
Abraço
Minha Querida
ResponderEliminarNós "filhas do sol" hoje, temos chuva! Não sei viver sem o astro rei...fica tudo tão pardacento...e depois, é aquela chuvinha miúda que irrita até um santo!
Gosto das chuvadas fortes ,como as de lá...que descarregavam a "conversa" e iam-se logo embora. E a terra ficava a fumegar de contente e o verde mais verde para brilhar logo de seguida, sob o beijo de um sol, também ele mais fresco...Parece-me que hoje abri a caixa das margaridas (estão pintadas na tampa e é aonde eu guardo as recordações mais preciosas)---Um dia conto-te!!
Beijo com chuva tropical.
Graça
Maravilhoso texto e fotos! fico feliz quando aqui venho e encontro algo de novo, adoro a sensibilidade com que aborda os assuntos.
ResponderEliminarSaudades....
Bjs
Com a certeza da felicidade compartilhada, duas almas sensíveis sempre fazem caminhos, que assim contados nos emocionam.
ResponderEliminarBelas fotos também.
Abração.
Um blog que acaba de nascer, tateando o invisível.
ResponderEliminarEis que senti um pedaço de céu neste post mágico!.
Abraço amigo
Minha querida Isabel, que Deus conserve sempre, essa sensibilidade.
ResponderEliminarUm abraço.
Minha Querida Isabel
ResponderEliminarVenho deixar-te um beijo e votos de um fim de semana tranquilo e com sabores de verão.
Hoje, sinto-me cansada....mais por dentro! Mas passa.
Com muita ternura
Graça
Querida Isabel
ResponderEliminarUm bom resto de domingo, para si e família.
Beijinhos
Olinda
Querida amiga
ResponderEliminarPeço desculpas pela minha ausência, mas não é por esquecimento, mas sim por conta de meu novo projeto, o qual me está retirando muito tempo.
Ser esposa, mãe, amiga, dona de casa, e ainda aprendiz de escritora, não é tarefa muito fácil, requer de nós um grande equilíbrio.
Queria muito agradecer por sua presença amiga lá no meu cantinho, presença que me alegra por demais meu coração e minha vida! Muito Obrigada!
Me perdoe por alguma coisa.
Um lindo dia para você.
Abraço amigo
Maria Alice
Emocionante! Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarUm belo texto escrito com o coração , acerca dos que vêem com o coração .
ResponderEliminarUm beijo , Isabel , com ternura
Ver com o coração... Tão lindo!
ResponderEliminarBeijos.
Regressando lentamente das férias, um bálsamo na aridez
ResponderEliminarda matéria.
Belo e profundo: As palavras são ruído!
Terno abraço
Sentir Deus...muito lindo,amiga,principalmente em se tratando de uma pessoa cega(ou invisual, como gentilmente falas).E que viagem maravilhosa fizeste,sob todos os sentidos.
ResponderEliminarObrigada pela partilha de um momento tão teu.
Bjsssssss,
Leninha
Olá, Isabel
ResponderEliminarPela primeira vez, vejo o emprego do termo "invisual". Bem mais suave, aos ouvidos...Texto excelente, que leva à profunda reflexão. As fotos e a relação feita, dos momentos semelhantes,(texto de Gibran e o seu) são extraordinárias.
Fez-me lembrar uma exposição que vi, há mais de 30 anos, em um museu, onde os invisuais podiam manusear as peças,ou seja, "verem" com os olhos. Eram instrumentos musicais, os mais variados.
Obrigada, Isabel, pela bela partilha.
Um beijo,
da Lúcia
Querida Isabelinha
ResponderEliminarQue saudades de vir aqui!
Ultimamente as coisas não me têm corrido muito bem, por isso a disposição para visitar blogs tem sido nula.
Achei o teu texto simplesmente maravilhoso!
Os invisuais conseguem ter uma sensibilidade enorme, e até verem estrelas com um céu chuvoso.
Que ideia fantástica essa da reprodução da catedral para os invisuais. É outra cultura, outra maneira de estar na vida. Cá não se atende nem sequer às necessidades mais básicas de quem tem qualquer deficiência física.
Desjo-te um fim de semana Luminoso. Beijinhos
Muito obrigada pela partilha destas belas fotos e também da informação tão importante para mim; desconhecia por completo a existência de uma replica para que invisuais possam " ver" esta lindissima catedral; pena que não haja mais casos destes. Emocionou-me muito esta tua experiência e chego mais uma vez à conclusão de que muitas vezes somos nós os cegos; temos visão, mas não enxergamos nada. Beijinhos, Isabel e mais uma vez, obrigada pela partilha de um momento que nos deve levar a uma profunda reflexão sobre o uso que fazemos das capacidades que nos foram concedidas.
ResponderEliminarFica bem, amiga e um bom fim de semana
Emília
ResponderEliminarQuerida Isabel
Votos de um bom fim de semana, com muita saúde.
Beijinhos
Olinda
Querida Isabel,
ResponderEliminarUm texto cheio de sensibilidade. Khalil Gibran é sem dúvida um dos autores 'de cabeceira'.
A sua sabedoria apoia-nos nos momentos de desassossego.
As descrições-crónicas de suas viagens são sempre um imenso prazer!
Não sabia da réplica da 'Grande Catedral' de Zurique. Muito obrigada pela partilha.
Sensibilizada pelas palavras deixadas em 'fragmentos'. É com muito agrado que a leio, sempre.
Votos de uma excelente semana!
Grande abraço
Como gostei de ler seu texto! Um ensinamento imenso, sempre, o de Khalil Gibran!
ResponderEliminarE depois saber que existe uma réplica para invisuais.
Obrigada pela partilha e pela sua visita.
Um abraço
Minha querida Isabelinha
ResponderEliminarMuito obrigada pelo teu carinho e palavras de conforto.
Já lá vão quase cinco meses, mas a dor perdura.
Tenho atravessado diversas fases - aquela em que não se acredita no que está acontecendo, depois um desânimo profundo, a seguir uma saudade sem fim... e agora, inexplicavelmente, parece-me que a ausência não é definitiva. É tão estranho! Parece que sinto a presença do meu amado junto de mim. Não sei se será uma defesa do subconsciente, para suportar...
Olha, minha querida, limito-me a viver um dia de cada vez, e esperar que o tempo passe. Não se diz que ele é o melhor remédio para tudo?
E, entretanto, vou tentando escrever, avançar com o livro que estava escrevendo, e para o qual ele me deu tanto incentivo. (Se tiveres um tempinho vai ver o meu último post, o de 14 de Outubro).
Um beijinho muito grande, com todo o meu carinho
Querida Isabel
ResponderEliminarAcredita que hoje (ontem) de manhã surgiu-me este pensamento?:'Tenho de ir ao blog da Isabel dizer-lhe olá'.Não o fiz logo, no momento, porque entretanto a minha filhota pediu-me o portátil para fazer um trabalho. Depois, quando entrei no meu blog vi as suas mensagens, fiquei agradavelmente surpreendida por nos ter ocorrido a mesma ideia. E eu sorri.Fiquei feliz. Foi mesmo transmissão de pensamento.
Minha amiga, é assim a vida, nem sempre há tempo para tudo e tem-se de dar atenção às prioridades. Aprecio imenso os textos com que nos brinda aqui no 'Luz de África',mas sei que os blogues requerem muito tempo e nem sempre ele sobra, não é?
Desejo-lhe muita saúde e um excelente fim de semana ao lado da família.
Beijinhos
Olinda
Muito querida amiga Isabel, você não pode imaginar o tamanho da minha alegria (feliz surpresa) pela sua ida e comentário, hoje, lá na Cadeirinha. Tão bom, aquele abraço apertado, vim agradecer e abraçá-la, bem apertadinho, também, com muito carinho, amizade...Vá mais vezes, é imenso, o meu prazer!
ResponderEliminarAté,
Lúcia
P.S. Reli o comentário que escrevi há mais de um mês, acima
e percebi que cometi um engano quando relatei sobre uma exposição em um museu, para invisuais, que poderiam manusear as peças,ou seja, "verem" com as mãos...( e não com os olhos, como escrevi).
Beijinhos.
vim matar saudades
ResponderEliminarneste Outono deixo
o meu vento
Queria ser
O que queria ser?
Queria ser vento...
Para ser livre...
Para te tocar
E te abraçar
E de mansinho
Chegar-me a ti
E sussurrar-te
Como gosto de ti...
E devagar
Devagarinho
Ia-te acariciando
E tu ias notando
Que eu estava aí...
E o vento
Ia crescendo
E mesmo com força
Gostava de o ser...
Para que visses
A força que tenho...
Força do vento
Vento tufão
E queria...
Poder ter-te...
Sempre na minha mão.
LILI LARANJO
Minha Querida
ResponderEliminarJamais te esqueço e isto que fique gravado no teu coração.
Ando sem muito tempo,casa,jardim, quintal,voluntariado e o meu livro (quase pronto)! Já não tenho as forças de antigamente mas...ainda sonho e são os sonhos que me mantêm de pé, de certeza!
Fico à espreita de uma nova postagem tua, com muito carinho.
Mil beijos cheios de magia da nossa África.
Graça
Votos de uma boa semana...
ResponderEliminarMuito legal!!
ResponderEliminarGostei daquela menor...
[]s
Olá Isabel. Sei que está bem, pois fez uma visita ao Começar de Novo, o que me deixa feliz. Quero deixar-lhe um beijinho e desejar-lhe dias maravilhosos, apesar dos pesares. Fica bem, amiga!
ResponderEliminarEmília
Minha muito querida amiga, bom resto de domingo, e boa semana. Um abraço do tamanho do multiverso.
ResponderEliminarQuerida Isabel,
ResponderEliminarEmbora não encontre uma nova postagem, posso supor que está bem, já que visitou 'fragmentos' há pouco tempo!
Deixo um abraço de muita amizade e votos de uma boa semana!
...e confesso que aprecio imenso o que escreve e como escreve. As suas mensagens são incomensuráveis. E vim aqui recordar esta história tão linda.
ResponderEliminarQue o Ano de 2013 seja pleno de Luz e Graças!
Beijinho