sábado, 25 de dezembro de 2010

"À ESPERA"

Aguardo-te
como o barro espera a mão.

Com a mesma saudade
que a semente sente do chão.

O tempo perde a fonte
e a manhã nasce tão exausta
que a luz chega apenas pela noite.

O relógio tomba
e o ponteiro se crava
no centro do meu peito.

Fui morto pelo tempo
no dia em que te esperei.


"À Espera", in "idades cidades divindades" - Editorial Caminho - 2007, p. 109.

Sem comentários:

Enviar um comentário